O Padre Roberto Harder MS (do Distrito da Suiça), celebra hoje, 7 de abril de 2014, cem (100) anos de vida! Natural de Nederburen / St.Gallen, é filho de Mathias Harder e Magdalena Hasler. Com apenas 9 anos de idade, depois da leitura do livro “história de uma alma” de Santa Teresa, começou a arder nele um forte desejo: tornar-se sacerdote! Em 1934 inscreve-se na Escola Apostólica de Untere Waid. Fez o noviciado em Fribourg em 1936, e concluiu na mesma cidade os seus estudos teológicos, tendo-se laureado em 1944. Um ano antes da laurea, precisamente aos 29 de junho de 1943, tinha sido ordenado sacerdote. Três anos depois da sua ordenação, parte em missão para Angola, uma missão para a qual já se vinha preparando desde 1940. Pe. Roberto e outros 7 seus confrades suiços, partem para aquela que veio a ser a inauguração da presença saletina em Angola! Depois de experiências de missão em Lukondo (missão que veio a ser abandonada nos anos 60), Hanha, uma breve passagem por Ndunde, será sobretudo na missão do Kola (zona de Kalukembe) que o Pe. Roberto dedicará maior tempo do seu apostolado! ( para descobrir essas missoes, basta ver o mapa da Provincia de Angola, na versao em lìngua portuguesa). A grande intuição missionária do Pe. Roberto, depois de descobrir o grande papel da mulher rural angolana na estabilização das famílias – mas também movida pela experiência pessoal junto da sua família – , foi a dedicação à catequese e à formação bìblica e humana das mulheres. Desta obra, nasceu o Instituto religioso feminino das Irmãs de Santa Catarina de Sena, hoje espalhadas por muitos lugares de Angola e também na Itália e na Espanha. Por razões de saúde, o Pe. Roberto Harder regressou para a Suiça em 2004. Em 2012, o Pe. Celestino Muhatili, ms, teve uma entrevista com ele, cuja pequena parte se pode ver aqui:
TESTEMUNHO DO P. THEO NO ENCONTRO PROVINCIAL 31.12.2013
Agradeço de coração ao P.Franz e seu Conselho pela confiança em mim depositada. Alegro-me por estar com vocês, e poder partilhar estas modestas experiências, como religioso-sacerdote, vivendo na Provincia saletina da França.
No programa recebido consta o nome do P.Gilbert, como co-participante comigo deste momento. Como malgaxe, do que me ufano, respeito muito os idosos, sejam quem forem. Ao P. Gilbert devo muito reconhecimento, pois foi ele quem me encaminhou para a escola Apostólica de Antsahasoa, em outubro de 1989. Eu tinha então 14 anos, e ele era Pároco da Paróquia de minha terra natal, Faratsiho. Essa Paróquia, fundada pelos missionários saletinos franceses é agora atendida pelos MS malgaxes. É assim fácil entender como e porque surgiu, desde pequeno, minha vocação. A Salette corre na minhas veias, integra meu DNA. Emiti meus primeiros votos no dia 19 de setembro de 1996, no fac-simile de Antsahasoa. Participei do PPP em 2002, e fiz meus votos perpétuos no mesmo ano, no dia 19 de setembro. Depois de minha ordenação sacerdotal, em 29 de julho de 2006, na catedral de Nossa Senhora da Salette em Antsirabe, fui nomeado ecônomo do Escolasticado e Vigário paroquial da paróquia de Fenomanana, em Tananarivo, até 03 de outubro de 2010, dia de minha chegada a Nossa Senhora do Chêne na diocese Besançon.
Com frequência, as pessoas me perguntam: Por que está aqui? Há sacerdotes sobrando em Madagascar?
As perguntas são complexas, mas fáceis de responder. Quanto à primeira: Os Padres Montfortianos, atenderam o Santuário de Nossa Senhora do Chêne durante 90 anos e não puderam dar continuidade e a obra ficou em abandono, a partir de 2006. Em 2007, nosso Provincial atendeu ao pedido do bispo da Diocese, e instalou no Santuário uma comunidade de Missionários de N. Sra. da Salette. Agora, a vida do santuário está bem animada. Quanto à segunda pergunta: não há padres sobrando em Madagascar, mas aqui faltam. É bem verdade que em Madagascar eles aumentam em numero clero jovem, mas ainda não é suficiente. Aqui eles são cada vez mais idosos e menos numerosos. Não conto os mortos (não condiz com a mentalidade malgaxe), mas depois três anos de minha presença na Diocese de Besançon, que é a que melhor conheço, houve muitos enterros de clérigos, mas um só nascimento. e uma única ordenação sacerdotal, por sinal de um saletino malgaxe, em 26 de junho de 2011. Estamos orgulhosos. O fato de vir para a França, não é uma troca de favores, como se costuma dizer, mas uma resposta a um chamado e dom gratuito... Os missionários saletinos evangelizaram a grande Ilha. Hoje ainda restam alguns...
Vive-se a animação espiritual do Santuário primeiramente, nas e pelas celebrações diárias. Não estou sozinho nessas tarefas. Toda a Comunidade está comprometida. A cada um é atribuída alternadamente, a pregação, e estamos todos juntos para a celebração diária da Eucaristia depois de Laudes ou Vésperas. Pessoas de fora também participam de cada celebração. Nos domingos, todos os domingos, temos duas celebrações da Eucaristia, de manhã e à noite. Muitos moradores da região e também pessoas de passagem, participam da celebração. Durante o ano, acontecem 6 peregrinações, vindas de lugares diferentes.
As atividades pastorais nas diferentes Unidades pastorais de nosso Decanato, também nos ocupam. No Chêne, não sobra tempo para o tédio. Acontece que, aos domingos, celebrarmos duas ou três missas cada um. Celebrar a missa é indispensável, mas não é tudo.
Sou padre a serviço (os outros também): nem pároco, nem vigário paroquial, nem coadjutor. Estar a serviço? Que significa? Todo padre está a serviço porque é e permanecerá diácono permanente. Estar a serviço é estar disponível. Para que não haja nossa Diocese refletiu-se sobre padres “vindos de fora” (assim somos chamados) Cito (Eglise de Besançon, revista bi-mensal n. 19, de 17 de novembro de 2013) “Não se deve admitir que um padre vindo de fora seja visto como uma emergência, uma ajuda esporádica, ou, pior ainda, como um ‘tapa buracos” em tempo de penúria”. Esta questão foi levantada numa reunião dos padres coordenadores e os delegados pastorais do nosso Decanato. Que pensar disso?
Estou consciente que se é padre não para si mas para os outros. Esta convicção faz com que me engaje diretamente na pastoral: catequese, preparação para a confirmação, pastoral da saúde (Capelania do Hospital, Evangelho para os doentes, Pastoral dos portadores de deficiências).
Na preparação para a Confirmação, procuro trazer o meu tijolo na construção da fé. Não consigo fazer tudo, mas se eu padre e missionário não o faço, quem vai fazê-lo? Se nada fazemos, nada é feito. Estou convencido: Devo testemunhar minha fé para que as pessoas percebam o que creio: é pouco, mas já é alguma coisa. Estar com esses jovens me traz muitas alegrias. Mais recebo do que dou.
Na pastoral da saúde, além das celebrações regulares no hospital, nas casas de acolhida das pessoas idosas, das que vivem sozinhas, doentes ou sofredoras, dos cuidadores de doentes, de auxiliares domésticos, encontro com muitas outras pessoas Estou contente com isso. Não são os sofrimentos dos doentes que me fazem feliz, compartilhando com eles, - guardadas as devidas distancias - mas o fato de estar com eles: “tudo o que fizerdes a um destes pequeninos” diz Jesus. Agradeço também a Deus pela qualidade dos serviços e atenção dispensada a essas pessoas doentes, com deficiências, e sofredoras. Olho para Madagascar e para outros países e rezo a Deus dizendo: que as pessoas idosas sejam mais amparadas por suas famílias.
O testemunho não é meu, mas de minha Comunidade que me envia. Nada faço em meu nome. A missão é da Comunidade e não minha! Isto muda todo. Na Comunidade, como é importante de amparar-se na oração, corrigir-se fraternalmente, pois nem tudo é claro para mim que acabo de desembarcar. A partilha fraterna é um desafio permanente e indispensável, porque somos diferentes. Somos únicos, cada um com suas capacidades, fraquezas e limites. A diversidade é uma riqueza se soubermos aproveitá-la, mas pode tornar-se um estorvo enorme se nos fixarmos em nossas ideias.
Depois de três anos passados na França, muita água correu debaixo da ponte. Minha adaptação à cultura francesa e minha integração na vida eclesial estão apenas começando... penso continuar. Não é fácil. Requer tempo. Dar tempo ao tempo. Mas tudo faço para que aconteça. Muitas informações nos são passadas seja pela Diocese, seja pela Província. Procuro seguí-las. Logo mais, com Dominique, teremos mais uma etapa da formação permanente: Nosso enraizamento na Igreja da França. Já abordamos temas sobre laicidade, ecologia e desenraizamento no Exilio. Muitos outros seguirão. Alegro-me em poder usufruir ao máximo todas estas oportunidades.
P. Jean-Théodore RANDRIAMAHENINA ms
De 3 a 5 de Fevereiro, na Casa Geral, em Roma, a Comissão discutiu sobre a Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC). A Comissão é composta dos seguintes membros: P. Alfredo Velarde, MS de Argentina, P. Thomas Htang Mong, MS de Myanmar, P. Francisco Mbambi, MS de Angola, P. Joseph G. Bachand, MS e P. Henryk Przeździecki, MS.
Esta Comissão reuniu-se pela primeira vez e discutiu entre outras as seguintes questões: como pôr em pratica a Decisão n. 8 do ultimo Capitulo Geral de 2012, concernente a Justiça, Paz e Integridade da Criação, e como preparar-se para a celebração de 2015 dedicado à esta questão na nossa Congregação. A Sessão foi aberta pelo Padre Geral. As sugestões das Decisões serão submetidas à aprovação do Conselho Geral.
Foto do novo Conselho Regional de Angola
JUSTIÇA E PAZ: PARTE INTEGRANTE DA NOSSA MISSÃO
A Escola de Justiça e Paz
Os Missionários Saletinos realizaram em 2011 em Córdoba (Argentina), um encontro internacional sobre Justiça e Paz. Naquela ocasião percebemos como a realidade de cada país presente, era marcada pela violação dos direitos humanos, por relações econômicas injustas, por guerras políticas e religiosas e pela destruição do meio ambiente.
Esta realidade fere o plano de Deus e nos distancia do Seu sonho, que é um mundo reconciliado, onde "justiça e paz se abraçarão" (Sl 85).
O tema da Justiça e Paz tem sido uma constante preocupação dos cristãos. Prova disso é a realização da 10ª Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas, que será realizada neste mês de outubro (30/10 a 8/11), em Busan, Coreia do Sul.
"Deus da Vida, guia-nos à justiça e à paz". O tema expressa uma das mais destacadas demandas do tempo em que vivemos: justiça com paz e paz com justiça, fontes de vida, vontade de Deus.
Justiça e Paz na missão dos Saletinos
Nossa constituição no capítulo que trata da vida apostólica, assegura que faz parte da nossa missão, "empenharmos nossos esforços na luta contra os males que, hoje, comprometem o desígnio salvífico de Deus e a dignidade da pessoa humana" (RV, Cap IV, artigo 23).
Nós Saletinos, sempre estivemos envolvidos com as causas sociais e com a defesa dos direitos humanos. Existe a nível da congregação, uma comissão de Justiça e Paz que procura incentivar as diversas províncias nesta missão.
Por ocasião do Capítulo Geral dos Saletinos, realizado nos Estados Unidos, em abril de 2012, assumiu-se como uma das prioridades a escola de Justiça e Paz. Neste Capítulo enquanto Congregação, reafirmou-se esta proposta descrita na Decisão número 08:
JUSTIÇA E PAZ: PARTE INTEGRANTE DA NOSSA MISSÃO
"Há uma profunda sintonia entre a Palavra de Deus a "Justiça e Paz". Tal convicção vem sendo proclamada pela Igreja desde a Rerum Novarum do Papa Leão 13.
A mesma sintonia nós encontramos na Mensagem de Maria em Salette e nos documentos das Conferências Episcopais de cada Continente. Ela é ainda mais evidente em Jesus: "Ele, embora fosse rico, se tornou pobre por causa de vós"(2 Cor 8,9). Seu exemplo nos convida a ser uma Igreja Samaritana (Lc 10,25), sempre pronta a estar a serviço dos sofredores de hoje.
A reconciliação nos lança a trabalhar pela causa da Justiça e Paz, pelo respeito à dignidade da pessoa humana e pela proteção da vida onde ela corre risco. "Nós devemos trabalhar para gestar um mundo sustentável, capaz de respeitar a natureza, os direitos universais do ser humano, a justiça econômica e a cultura da paz" (Carta da terra)."
Para por em prática esta decisão, a Província saletina brasileira procurou dar os primeiros passos e elaborou um projeto de formação denominado ESCOLA DE JUSTIÇA E PAZ.
Estamos iniciando a segunda turma, com trinta e três participantes. Destes: 05 religiosas enviadas pela CRB, 15 pessoas que tomaram conhecimento da escola e tiveram interesse na proposta e 11 estudantes saletinos que se inscreveram a pedido do Conselho Provincial e 02 leigos das nossas paróquias (RJ, SP).
Durante dez dias, numa dinâmica participativa que inclui palestras, filmes, debates, celebrações, vamos discutir alguns temas que contribuem para nossa missão na construção da cultura da paz.
A escola tem como objetivo contribuir com a formação dos Agentes de Pastoral (leigos/leigas,religiosos/as), por meio de interpretações dos fenômenos de violação de direitos e dos ciclos geradores de violência, bem como com interpretações de iniciativas da sociedade civil e do estado, no Brasil e no mundo, para a construção de uma cultura de paz, à luz de uma hermenêutica teológica que alimente uma fé libertadora e engajada. A Escola de Justiça e Paz quer ser um espaço para formar/reafirmar uma prática que defenda a cultura da paz e ao mesmo tempo comprometer os Missionários Saletinos no seu carisma da reconciliação na defesa da justiça e da paz.
De forma sintética apresentamos a grade curricular da escola, reunindo uma equipe excelente de assessores: três advogados, dois teólogos, um psicanalista, dois sociólogos e dois pastoralistas.Todas estas pessoas envolvidas com o movimento popular ou pastorais sociais.
No primeiro dia vamos trabalhar a metodologia e objetivo da escola, além de técnicas de entrosamento. Ainda neste dia, teremos a reflexão sobre a violência na dimensão antropológica e psicológica.
No segundo dia vamos dedicar ao aprofundamento da realidade da juventude, sobretudo analisar os dados sobre o extermínio de jovens no Brasil.
No terceiro dia teremos os fundamentos bíblicos em favor da Justiça e da Paz. Na parte da tarde vamos debater a questão da intolerância religiosa.
Domingo, segunda e terça – duas advogadas envolvidas com o movimento social vão trabalhar os seguintes temas: violência de gênero, violência fundiária, justiça restaurativa, Violência doméstica, cyberviolência, violência em meio escolar e ainda neste bloco, os Direitos humanos e a construção da Justiça e da paz.
No dia 17 de outubro dois assessores vão desenvolver os seguintes temas: Leitura das raízes da violência e nossa ação na construção da cultura da paz através da cidadania ativa.
Na sexta feira, teremos o dia inteiro dedicado à reflexão sobre o tráfico de pessoas. Consideramos muito importante aprofundar esta situação, que será o tema da Campanha da Fraternidade de 2014.
No sábado vamos fazer a avaliação da escola, a carta de compromisso, a festa com a entrega do certificado. No domingo celebraremos a Eucaristia e colocaremos junto com o Pão e o Vinho – Corpo e sangue do Senhor, nosso desejo de sermos construtores da Paz.
Toda esta programação é dinamizada com cantos, trabalho em grupo, celebrações e momentos de convivência.
Esta é nossa primeira partilha da escola que acontecerá de 10 a 20 de outubro, na Comunidade Taizé, na Casa de acolhida Mombitaba. Acreditamos que abraçar o carisma da reconciliação é comprometer-se com o advento de uma sociedade justa e fraterna, onde a paz não seja uma palavra vã.
Aguardem novas notícias da escola no decorrer da semana.
Saudações de Paz! Pe Edegard Silva Júnior,ms
Coordenador da Escola