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sábado, 31 julho 2021 00:00

Reflexão - Agosto 2021

Uma história para contar

Agosto 2021

Contar faz arder o coração 

A arte de contar histórias existe desde o início da civilização humana. Contar histórias para educar e entreter é uma arte milenar presente em todas as culturas. As histórias moldaram as visões de mundo e os valores de cada civilização.

Não é por acaso que ainda hoje, muitos dos palestrantes motivacionais mais conhecidos continuam a enfatizar a relevância e a importância de saber como contar histórias como parte essencial de uma comunicação verbal eficaz e envolvente.

Todos nós, pelo menos uma vez, experimentamos o poder evocativo das “boas histórias”. As “boas histórias” prendem a nossa atenção, estimulam as nossas emoções e nossos sentimentos, ajudam-nos a recordar e, quando nos envolvem em primeira mão, acabamos por partilhá-las. Com razão, o poeta americano, romancista, dramaturgo, ensaísta e professor de inglês na Duke University, Edward Reynold Price (1 de fevereiro de 1933 - 20 de janeiro de 2011), afirmou que “o som da história é o som dominante em nossas vidas”.

As histórias permeiam toda a Bíblia e são a base do estilo de comunicação de Jesus. Quer ele caminhasse pelas ruas da Galileia com seus discípulos ou pregasse para multidões, Jesus de Nazaré pregava e compartilhava sua mensagem por meio da “arte da história”. Não é por acaso que Mateus nos lembra que contar histórias era a técnica favorita de Jesus ao falar para as multidões (ver Mt 13,34). Sim, Jesus parece ser um hábil contador de histórias. Curiosamente, quando perguntaram ao conhecido escritor americano Mark Taiwan quem era o maior contador de histórias da história, ele respondeu, Jesus de Nazaré.

Jesus não só fez grande uso da “arte da história” para falar do Pai e do Seu Reino, mas também usou uma linguagem simples e livre, chamando constantemente a atenção para as realidades comuns e cotidianas, como pássaros, flores, moedas perdidas e muitos outros objetos comuns com os quais as pessoas de seu tempo (sacerdotes, fariseus, doutores da lei, pescadores, agricultores etc.) podiam facilmente estabelecer relações.

Com suas histórias perspicazes, Jesus conseguiu captar a atenção de seu público, inspirar sua imaginação e comunicar uma mensagem convincente, capaz de transformar e mudar vidas inteiras. Com a sua “arte narrativa” Jesus soube revelar o rosto misericordioso do Pai e tocar os acordes mais profundos de quem o escutava. Portanto, não é por acaso que muitos dos que ouviram suas histórias decidiram segui-Lo, tornando-se parte de sua história. De geração em geração, seguindo o exemplo do Mestre, seus discípulos contaram, proclamaram e pregaram a Boa Nova, a história da bondade e da misericórdia de Deus encarnado em Jesus Cristo.

As últimas palavras de Jesus ao geraseno “Volta para casa, e conta quanto Deus te fez”. (Lc 8,39) encorajou o ex-possesso a ir embora e proclamar por toda a cidade o que Jesus fez por ele. Em La Salette, a “Bela Senhora” confiou aos dois pastorzinhos, Maximino e Melânia, a missão de contar a história do seu encontro com Ela. Esta história, como a do Filho, também foi transmitida de geração em geração. Ambas as histórias transformaram uma grande multidão de homens e mulheres. E nós, Missionários de Nossa Senhora de La Salette, somos os beneficiários de ambas as histórias: não para guardá-las egoisticamente, mas para contá-las e fazê-las ressoar na vida cotidiana dos irmãos e das irmãs que encontramos ao longo de nossa peregrinação terrena para a Jerusalém celeste. Hoje como ontem, a Igreja e o mundo precisam ouvir as duas histórias contadas. Tanto a Igreja como o mundo precisam ouvi-las ditas por aqueles que foram pessoalmente transformados, tanto pelo Filho como pela Mãe.

Maria fala sobre o seu Filho

Se aos videntes coube o dever de transmitir a gloriosa aparição aos moradores das cercanias de Corps, a preocupação de Maria, a mãe do divino redentor, é recordar à Igreja o seu dever de ser o mensageiro da Boa Nova da salvação. Por isso, o interessa da Senhora em lágrimas não é tanto a exaltação do seu nome, mesmo que ela mereça essa honra. A Mãe da Igreja vem lembrar-nos a submissão como premissa fundamental para merecermos as graças que o seu Filho nos legou mediante o seu rebaixamento à condição humana que culminou com o derramamento do seu sangue no madeiro da cruz.

A aparição de Maria em La Salette não é o fim em si mesmo; Maria pretende despertar a todos os batizados, começando por aqueles que têm maior responsabilidade na condução da Igreja, a urgência de anunciar a todos o mistério de seu Filho morto e ressuscitado. Ela não se coloca no centro da sua mensagem. O objetivo da sua gloriosa aparição, tal como fez nas bodas de Caná, é exigir a obediência a seu Filho: “fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5).

Em 2001, o Papa João Paulo II, na mensagem do dia Mundial das Missões, incentivou o Povo de Deus a colocar-se a caminho para levar a Evangelho de Jesus a todos os povos. Que história, portanto, a recontar? O crucifixo brilhante que Maria traz responde exatamente a essa pergunta, já que é o que mais atraía as atenções de Maximino e Melânia por causa da luz que emanava dela. Isso demostra e confirma o grito missionário de Paulo quando diz que “enquanto os os judeus pedem sinais, e os gregos buscam a sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado” (1 Cor 1,22-23). É esta mensagem-história a ser recontada até a última vinda de Cristo. Para que essa “grande aventura da evangelização” seja efetiva, João Paulo II propõe novos métodos, novos modelos e novos paradigmas. O importante dessa missão comum a todos é fazer com que a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo se faça presente na vida dos irmãos.

Lembrar nos torna capazes de caminhar em direção do amanhã

Na sua última recomendação dirigida aos videntes de La Salette, repetida duas vezes em francês, Maria pediu-lhes que comunicassem “isso” a todo o seu povo (precisamente: Eh bien, mes enfants, vous le ferez passer à tout mon peuple”). Esse “Isso” que foi veiculado por 175 anos está contido em todo o evento La Salette. Aqui os detalhes contam: o país onde ocorreu a aparição (França do século XIX); o local da aparição (uma aldeia nos Alpes); a hora (cerca de 15h00 no sábado, 19 de setembro de 1846); o tempo após as primeiras vésperas da festa litúrgica de Nossa Senhora das Dores (celebrada no terceiro domingo de setembro[1]); o vestido da Bela Senhora, inspirado no das camponesas da região de La Salette, e outros elementos do vestuário (o crucifixo com Jesus[2], a torquês e o martelo[3], as duas correntes[4], as rosas coloridas); depois a tristeza, o rosto escondido, as lágrimas, a maneira como Maria se comportava e se movia na presença das crianças. Mas também a própria Mensagem e as duas línguas, nas quais foi comunicada, a fonte que surgiu e esteve sempre ativa no lugar, onde o globo de luz apareceu com a pessoa de Nossa Senhora sentada dentro, e finalmente o fato de que os dois pastorzinhos receberam segredos, dos quais nem sequer conversaram entre si.

Todos esses elementos são conhecidos por nós. Falamos sobre isso em todas as ocasiões possíveis. Enquanto a basílica da Bem-aventurada Virgem Maria existir na montanha perto da aldeia de La Salette na França, e enquanto a Congregação dos Missionários de Nossa Senhora de La Salette existir, a continuidade e atualidade da Mensagem da Bela Senhora, comunicada a Melânia e Maximino será sempre em vigor. 

A transmissão da história sobre este acontecimento supõe uma continuação até ao fim dos tempos, mas poderia ser terminada antes, se os homens se convertessem e com a sua conduta tornassem inútil o apelo da Senhora das Lagrimas à conversão e à penitência.

Os verdadeiros filhos espirituais de Nossa Senhora, certamente, consideram a conversão da humanidade aos caminhos da Vontade Divina mais relevante do que a existência da Basílica de Nossa Senhora de La Salette e da própria Congregação dos Missionários Saletinos.

Um elemento ainda não foi resolvido e é objeto de controvérsias desnecessárias: qual é a importância dos segredos confiados a Melânia e Maximino[5].

A entrega dos segredos constitui um elemento importante na transmissão da história do acontecimento em La Salette. Esses são a garantia de que o encontro teve caráter de mistério e, portanto, exige respeito. Não procuramos descobrir o seu conteúdo, mas ao relatar a Aparição sempre insinuamos a sua existência, reconhecendo humildemente a nossa ignorância sobre o seu conteúdo.

Flavio Gillio MS

Eusébio Kangupe MS

Karol Porczak MS



[1]A festa foi apresentada pela primeira vez pelos Servitas. A partir de 1667 começou a se espalhar em algumas dioceses. O Papa Pio VII (1800-1823) em 1814 estendeu-o a toda a Igreja e designou o terceiro domingo de setembro como o dia da festa. O então Papa Pio X (1903-1914) instituiu-o para 15 de setembro e nesta data é celebrada até hoje.

[2]É daquele crucifixo que saiu a luz que formava toda a figura de Maria, enquanto o próprio Jesus estava vivo na cruz, mas - como disseram as crianças - Ele agora estava em agonia. Ele ainda não tinha o ferimento no lado direito, aberto com a lança somente após sua morte.

[3]Esses instrumentos encontravam-se SOB os braços da cruz de Maria, e não SOBRE os braços, como está representado em nosso crucifixo missionário. Não se trata de um problema técnico relacionado à forma de consertá-los, mas seu posicionamento tem um valor simbólico.

[4]Uma grossa corrente com grandes anéis pendurada nos ombros da Bela Senhora, enquanto o menor segurava o crucifixo em Seu peito.

[5]Sabemos que nos comentários das crianças sobre a visão da Bela Senhora emergiu um pequeno incidente, que confirma o fato de que, ao ouvirem os segredos, as crianças não estavam em êxtase nem surdas. Quando Maximino ouviu atentamente a Bela Senhora, Melânia não a ouviu, mas naquele momento não deu mostras de tédio ou de impaciência. Ela esperou pacientemente, sem ouvir nenhuma voz. Depois os papéis inverteram-se: quando Melânia ouviu a Bela Senhora que lhe confiava os segredos, Maximino não ouviu a voz de Maria. Ele estava entediado e começou a atirar pedrinhas na direção da Senhora, acertando-a com um bastão. Se ele fosse surdo, teria notado imediatamente que as pedras não faziam barulho. Então, na frente de Melânia que o repreendeu, ele se justificou dizendo que nenhuma pedra tocou a Bela Senhora. Parece que Melânia, e também Maximino, ouvindo Maria, sempre estiveram bem atentos ao que se passava ao seu redor, não estavam em êxtase.

Published in INFO (PT)

El Arca de la Alianza

(La Asunción: 1 Cron. 15:3-4,15-16 a 16:1-2; 1 Cor. 15:54-57; Lucas 11:27-28. NOTA: Estas lecturas son de la Misa de la Vigilia)

¡Este era un día de gran fiesta en Jerusalén! El Arca de la Alianza volvía a casa, según lo relata la primera lectura, “al lugar que David le había preparado”. Hoy celebramos a María, el Arca de la Nueva Alianza, al ser ascendida al lugar que el Padre le había preparado en el cielo.

Así como el Arca fabricada por Moisés era un gran signo de la presencia de Dios en medio de su pueblo, así el vientre de la Virgen trajo al Hijo de Dios a habitar entre nosotros. En el Evangelio de hoy, una mujer de entre la multitud le gritó a Jesús, diciendo, “¡Feliz el seno que te llevó!” Ella era quizá la primera en cumplir la mismísima profecía de la Virgen, pronunciada en su Magníficat: “Desde ahora me felicitarán todas las generaciones”.

Es porque María fue asunta al cielo que tenemos su aparición en La Salette (entre otras). Su luminosidad como la Reina del Cielo, es la luz de Cristo que resplandece desde ella. Todo en la Aparición apunta a Cristo en último término. Aquí, también, ella es el Arca, trayendo a su hijo entre su pueblo una vez más.

En la Bella Señora resuena el eco de la respuesta de Jesús a la mujer del Evangelio, “Felices los que escuchan la Palabra de Dios y la practican”, en sus propias palabras, “Si se convierten”. Ella promete toda clase de bendiciones, y misericordia en abundancia.

La Asunción refleja las palabras de San Pablo en la segunda lectura, “La muerte ha sido vencida”. La Salette muestra la trágica conexión entre pecado y muerte, pero al mismo tiempo ofrece los medios para vencerlos. ¿De qué modo participamos de esta victoria? Un buen lugar para comenzar es observando los mandamientos preservados en tablas de piedra en el Arca de la Alianza original.

Si ya has estado en La Salette y participado de la procesión nocturna con velas, probablemente experimentaste un entusiasmo especial que acompaña el canto del Ángelus de La Salette al finalizar el ritual. Es como la orden que dio David a “los cantores, con instrumentos musicales, para que los hicieran resonar alegremente”.

Que nuestro amor por Nuestra Señora de La Salette sea siempre una fuente de regocijo en nuestros corazones.

Traducción: Hno. Moisés Rueda, M.S.

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Vida en Cristo, en Unidad

(19no Domingo Ordinario: 1 Reyes 19:4-8; Efesios 4:30-5:2; Juan 6:41-51)

Elías era un profeta poderoso y exitoso. Pero entonces, es extraño escucharlo en la primera lectura, deseando la muerte y exclamando, “¡Basta ya, Señor!”

No hay entre nosotros muchos que pedimos la muerte, pero a veces nuestra oración es: “¡Basta ya, Señor!” Puede parecernos que los tiempos en que vivimos son más difíciles para nosotros que para las generaciones anteriores; somos testigos de la amargura, los arrebatos, la ira, los gritos, los insultos y toda clase de maldad.

¿Suena familiar esta lista? Debería, porque está tomada de la segunda lectura de hoy, escrita hace más de 1950 años. Siempre han existido actitudes y comportamientos que impiden a los cristianos tener una relación con Dios amorosa y llena de fe.

Es bastante malo cuando la negatividad se dirige contra los demás, a quienes percibimos como enemigos. Vemos esto en la murmuración de aquellos que desaprobaban la afirmación de Jesús de haber bajado del cielo.

Pero es peor cuando la amargura se enfoca en contra de Dios. María, en La Salette, habló de la falta de respeto por el nombre de su Hijo, y del abandono general de la práctica de la fe. Hasta Maximino y Melania tuvieron que admitir que casi nunca rezaban.

La oración es la solución. Dios escuchó la oración de Elías, no quitándole la vida sino dándole fortaleza. La oración privada es efectiva. La de la comunidad cristiana lo es aún más. Hoy en el Salmo escuchamos, “Glorifiquen conmigo al Señor, alabemos su Nombre todos juntos”.

Cuando participamos juntos en la Eucaristía, y “gustamos y vemos qué bueno es el Señor”, no solamente nos escapamos, al menos por un rato, de la injuria y la malicia del mundo que nos rodea, sino que buscamos sanarnos de esas mismas faltas que hay en nosotros mismos. Entonces, como Elías, “fortalecido por ese alimento” podemos esperar cultivar una actitud comunitaria a nuestra vida de todos los días.

En este sentido, el mensaje de La Salette de conversión y reconciliación es una expresión de las palabras de San Pablo: “Traten de imitar a Dios, como hijos suyos muy queridos. Practiquen el amor, a ejemplo de Cristo, que nos amó y se entregó por nosotros”.

Un ángel de Dios despertó a Elías y le proveyó de comida. La Bella Señora hizo despertar a su pueblo y lo condujo hacia el Pan de Vida, la carne de su Hijo, ofrecida “para la vida del mundo”. Sin él no podemos vivir verdaderamente.

Traducción: Hno. Moisés Rueda, M.S.

Published in MISSAO (POR)
terça-feira, 20 julho 2021 19:29

Uma história para contar

Uma história para contar

Agosto 2021

Contar faz arder o coração 

A arte de contar histórias existe desde o início da civilização humana. Contar histórias para educar e entreter é uma arte milenar presente em todas as culturas. As histórias moldaram as visões de mundo e os valores de cada civilização.

Não é por acaso que ainda hoje, muitos dos palestrantes motivacionais mais conhecidos continuam a enfatizar a relevância e a importância de saber como contar histórias como parte essencial de uma comunicação verbal eficaz e envolvente.

Todos nós, pelo menos uma vez, experimentamos o poder evocativo das “boas histórias”. As “boas histórias” prendem a nossa atenção, estimulam as nossas emoções e nossos sentimentos, ajudam-nos a recordar e, quando nos envolvem em primeira mão, acabamos por partilhá-las. Com razão, o poeta americano, romancista, dramaturgo, ensaísta e professor de inglês na Duke University, Edward Reynold Price (1 de fevereiro de 1933 - 20 de janeiro de 2011), afirmou que “o som da história é o som dominante em nossas vidas”.

As histórias permeiam toda a Bíblia e são a base do estilo de comunicação de Jesus. Quer ele caminhasse pelas ruas da Galileia com seus discípulos ou pregasse para multidões, Jesus de Nazaré pregava e compartilhava sua mensagem por meio da “arte da história”. Não é por acaso que Mateus nos lembra que contar histórias era a técnica favorita de Jesus ao falar para as multidões (ver Mt 13,34). Sim, Jesus parece ser um hábil contador de histórias. Curiosamente, quando perguntaram ao conhecido escritor americano Mark Taiwan quem era o maior contador de histórias da história, ele respondeu, Jesus de Nazaré.

Jesus não só fez grande uso da “arte da história” para falar do Pai e do Seu Reino, mas também usou uma linguagem simples e livre, chamando constantemente a atenção para as realidades comuns e cotidianas, como pássaros, flores, moedas perdidas e muitos outros objetos comuns com os quais as pessoas de seu tempo (sacerdotes, fariseus, doutores da lei, pescadores, agricultores etc.) podiam facilmente estabelecer relações.

Com suas histórias perspicazes, Jesus conseguiu captar a atenção de seu público, inspirar sua imaginação e comunicar uma mensagem convincente, capaz de transformar e mudar vidas inteiras. Com a sua “arte narrativa” Jesus soube revelar o rosto misericordioso do Pai e tocar os acordes mais profundos de quem o escutava. Portanto, não é por acaso que muitos dos que ouviram suas histórias decidiram segui-Lo, tornando-se parte de sua história. De geração em geração, seguindo o exemplo do Mestre, seus discípulos contaram, proclamaram e pregaram a Boa Nova, a história da bondade e da misericórdia de Deus encarnado em Jesus Cristo.

As últimas palavras de Jesus ao geraseno “Volta para casa, e conta quanto Deus te fez”. (Lc 8,39) encorajou o ex-possesso a ir embora e proclamar por toda a cidade o que Jesus fez por ele. Em La Salette, a “Bela Senhora” confiou aos dois pastorzinhos, Maximino e Melânia, a missão de contar a história do seu encontro com Ela. Esta história, como a do Filho, também foi transmitida de geração em geração. Ambas as histórias transformaram uma grande multidão de homens e mulheres. E nós, Missionários de Nossa Senhora de La Salette, somos os beneficiários de ambas as histórias: não para guardá-las egoisticamente, mas para contá-las e fazê-las ressoar na vida cotidiana dos irmãos e das irmãs que encontramos ao longo de nossa peregrinação terrena para a Jerusalém celeste. Hoje como ontem, a Igreja e o mundo precisam ouvir as duas histórias contadas. Tanto a Igreja como o mundo precisam ouvi-las ditas por aqueles que foram pessoalmente transformados, tanto pelo Filho como pela Mãe.

Maria fala sobre o seu Filho

Se aos videntes coube o dever de transmitir a gloriosa aparição aos moradores das cercanias de Corps, a preocupação de Maria, a mãe do divino redentor, é recordar à Igreja o seu dever de ser o mensageiro da Boa Nova da salvação. Por isso, o interessa da Senhora em lágrimas não é tanto a exaltação do seu nome, mesmo que ela mereça essa honra. A Mãe da Igreja vem lembrar-nos a submissão como premissa fundamental para merecermos as graças que o seu Filho nos legou mediante o seu rebaixamento à condição humana que culminou com o derramamento do seu sangue no madeiro da cruz.

A aparição de Maria em La Salette não é o fim em si mesmo; Maria pretende despertar a todos os batizados, começando por aqueles que têm maior responsabilidade na condução da Igreja, a urgência de anunciar a todos o mistério de seu Filho morto e ressuscitado. Ela não se coloca no centro da sua mensagem. O objetivo da sua gloriosa aparição, tal como fez nas bodas de Caná, é exigir a obediência a seu Filho: “fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5).

Em 2001, o Papa João Paulo II, na mensagem do dia Mundial das Missões, incentivou o Povo de Deus a colocar-se a caminho para levar a Evangelho de Jesus a todos os povos. Que história, portanto, a recontar? O crucifixo brilhante que Maria traz responde exatamente a essa pergunta, já que é o que mais atraía as atenções de Maximino e Melânia por causa da luz que emanava dela. Isso demostra e confirma o grito missionário de Paulo quando diz que “enquanto os os judeus pedem sinais, e os gregos buscam a sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado” (1 Cor 1,22-23). É esta mensagem-história a ser recontada até a última vinda de Cristo. Para que essa “grande aventura da evangelização” seja efetiva, João Paulo II propõe novos métodos, novos modelos e novos paradigmas. O importante dessa missão comum a todos é fazer com que a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo se faça presente na vida dos irmãos.

Lembrar nos torna capazes de caminhar em direção do amanhã

Na sua última recomendação dirigida aos videntes de La Salette, repetida duas vezes em francês, Maria pediu-lhes que comunicassem “isso” a todo o seu povo (precisamente: Eh bien, mes enfants, vous le ferez passer à tout mon peuple”). Esse “Isso” que foi veiculado por 175 anos está contido em todo o evento La Salette. Aqui os detalhes contam: o país onde ocorreu a aparição (França do século XIX); o local da aparição (uma aldeia nos Alpes); a hora (cerca de 15h00 no sábado, 19 de setembro de 1846); o tempo após as primeiras vésperas da festa litúrgica de Nossa Senhora das Dores (celebrada no terceiro domingo de setembro[1]); o vestido da Bela Senhora, inspirado no das camponesas da região de La Salette, e outros elementos do vestuário (o crucifixo com Jesus[2], a torquês e o martelo[3], as duas correntes[4], as rosas coloridas); depois a tristeza, o rosto escondido, as lágrimas, a maneira como Maria se comportava e se movia na presença das crianças. Mas também a própria Mensagem e as duas línguas, nas quais foi comunicada, a fonte que surgiu e esteve sempre ativa no lugar, onde o globo de luz apareceu com a pessoa de Nossa Senhora sentada dentro, e finalmente o fato de que os dois pastorzinhos receberam segredos, dos quais nem sequer conversaram entre si.

Todos esses elementos são conhecidos por nós. Falamos sobre isso em todas as ocasiões possíveis. Enquanto a basílica da Bem-aventurada Virgem Maria existir na montanha perto da aldeia de La Salette na França, e enquanto a Congregação dos Missionários de Nossa Senhora de La Salette existir, a continuidade e atualidade da Mensagem da Bela Senhora, comunicada a Melânia e Maximino será sempre em vigor. 

A transmissão da história sobre este acontecimento supõe uma continuação até ao fim dos tempos, mas poderia ser terminada antes, se os homens se convertessem e com a sua conduta tornassem inútil o apelo da Senhora das Lagrimas à conversão e à penitência.

Os verdadeiros filhos espirituais de Nossa Senhora, certamente, consideram a conversão da humanidade aos caminhos da Vontade Divina mais relevante do que a existência da Basílica de Nossa Senhora de La Salette e da própria Congregação dos Missionários Saletinos.

Um elemento ainda não foi resolvido e é objeto de controvérsias desnecessárias: qual é a importância dos segredos confiados a Melânia e Maximino[5].

A entrega dos segredos constitui um elemento importante na transmissão da história do acontecimento em La Salette. Esses são a garantia de que o encontro teve caráter de mistério e, portanto, exige respeito. Não procuramos descobrir o seu conteúdo, mas ao relatar a Aparição sempre insinuamos a sua existência, reconhecendo humildemente a nossa ignorância sobre o seu conteúdo.

Flavio Gillio MS

Eusébio Kangupe MS

Karol Porczak MS



[1]A festa foi apresentada pela primeira vez pelos Servitas. A partir de 1667 começou a se espalhar em algumas dioceses. O Papa Pio VII (1800-1823) em 1814 estendeu-o a toda a Igreja e designou o terceiro domingo de setembro como o dia da festa. O então Papa Pio X (1903-1914) instituiu-o para 15 de setembro e nesta data é celebrada até hoje.

[2]É daquele crucifixo que saiu a luz que formava toda a figura de Maria, enquanto o próprio Jesus estava vivo na cruz, mas - como disseram as crianças - Ele agora estava em agonia. Ele ainda não tinha o ferimento no lado direito, aberto com a lança somente após sua morte.

[3]Esses instrumentos encontravam-se SOB os braços da cruz de Maria, e não SOBRE os braços, como está representado em nosso crucifixo missionário. Não se trata de um problema técnico relacionado à forma de consertá-los, mas seu posicionamento tem um valor simbólico.

[4]Uma grossa corrente com grandes anéis pendurada nos ombros da Bela Senhora, enquanto o menor segurava o crucifixo em Seu peito.

[5]Sabemos que nos comentários das crianças sobre a visão da Bela Senhora emergiu um pequeno incidente, que confirma o fato de que, ao ouvirem os segredos, as crianças não estavam em êxtase nem surdas. Quando Maximino ouviu atentamente a Bela Senhora, Melânia não a ouviu, mas naquele momento não deu mostras de tédio ou de impaciência. Ela esperou pacientemente, sem ouvir nenhuma voz. Depois os papéis inverteram-se: quando Melânia ouviu a Bela Senhora que lhe confiava os segredos, Maximino não ouviu a voz de Maria. Ele estava entediado e começou a atirar pedrinhas na direção da Senhora, acertando-a com um bastão. Se ele fosse surdo, teria notado imediatamente que as pedras não faziam barulho. Então, na frente de Melânia que o repreendeu, ele se justificou dizendo que nenhuma pedra tocou a Bela Senhora. Parece que Melânia, e também Maximino, ouvindo Maria, sempre estiveram bem atentos ao que se passava ao seu redor, não estavam em êxtase.

Published in MISSAO (POR)
terça-feira, 20 julho 2021 07:25

Rosário - Agosto 2021

Published in LEIGOS SALETINOS (POR)
domingo, 11 julho 2021 22:20

Filipinas - Capítulo

Filipinas – Capítulo Provincial

Capítulo Provincial: 2-6 de julho de 2021

Novo Conselho Provincial:

Pe. Manuel Medina, superiore provincial

Pe. Elmer Galiza, vigário provincial

Pe. Joseph Pilotin, conselheiro provincial

Desejamos ao novo Conselho a luz do Espírito Santo em seu serviço à Província.

Published in INFO (PT)
domingo, 11 julho 2021 16:54

Vou dizê-lo de outro modo...

Vou dizê-lo de outro modo...

Julho 2021

Anunciar o Cristo com liberdade e em meio das diversidades

Se há um texto que expressa por excelência o espírito missionário do ponto de vista do Novo Testamento, este texto é a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 9, versículos 19-23, onde Paulo escreve: “Embora livre de sujeição de qualquer pessoa, eu me fiz servo de todos para ganhar o maior número possível. Para os judeus fiz-me judeu, a fim de ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da Lei, fiz-me como se eu estivesse debaixo da Lei, embora eu não esteja, a fim de ganhar aqueles que estão debaixo da Lei. Para os que não têm Lei, fiz-me como se eu não tivesse Lei, ainda que eu não esteja isento da Lei de Deus – porquanto estou sob a Lei de Cristo –, a fim de ganhar os que não têm Lei. Fiz-me fraco com os fracos, a fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, a fim de salvar a todos. E tudo isso faço por causa do Evangelho, para dele me fazer participante”.

Nesta passagem, Paulo dá à sua obra de evangelização um claro caráter católico (universal). Nesses versículos, Paulo também revela três elementos importantes que apoiam essa abordagem universalista de seu ministério. Em primeiro lugar: a obra de evangelização de Paulo é universal porque o evangelizador é livre, como afirma a primeira parte do versículo 19: “Embora livre de sujeição de qualquer pessoa, [...]”. Segundo: a obra de evangelização de Paulo não tem “fronteiras” porque o evangelizador encontra a sua motivação no Evangelho: “E tudo isso eu faço por causa do Evangelho [...]” (v. 23). Em terceiro lugar, a obra de evangelização de Paulo é universal porque o evangelizador tem um único propósito ou objetivo, isto é, “[...] a fim de salvar a todos” (v. 22). Estes três elementos explicam tanto o “porquê” como o “como” Paulo soube fazer-se “[...] todos por todos [...]”. É por isso que, por exemplo, durante a sua estada em Atenas, Paulo disputava na sinagoga “[...] com os judeus e prosélitos, e todos os dias, na praça, com os que ali se encontravam” (At 17,17) e também no Areópago (At 17,22). Essas poucas passagens são suficientes para mostrar a grande abordagem pastoral “católica” que inspirou e guiou o ministério e a obra de evangelização de Paulo. Parece que, para Paulo, não havia situações “adequadas” e “inadequadas”; ou pessoas “adequadas” e “inadequadas” para pregar a Boa-Nova. Cada situação e cada categoria de pessoas eram potencialmente a “situação certa” e as “pessoas certas” para anunciar o “[…] Evangelho de Jesus Cristo […]” (Mc 1,1).

Apesar do que possamos pensar, Paulo não foi o primeiro a encarnar e dar vida a essa forma de divulgar a Boa-Nova. Antes dele, Jesus de Nazaré fez o mesmo. Antes de Paulo, Aquele que era o “Apóstolo” do Pai, encarava a sua missão com a mesma atitude. Com efeito, durante o seu ministério público Jesus de Nazaré, movido por um “fogo ardente” tanto pelo Reino de Deus como pelas “coisas do Pai”, anunciou a Boa-Nova aos homens e às mulheres; tanto para os fariseus quanto para os saduceus; tanto para os ricos quanto para os pobres e marginalizados da época; tanto para os judeus piedosos quanto para os samaritanos e para os gentios. O ministério de Jesus não conheceu limites religiosos ou culturais, nem limites étnicos ou sociais. O seu envolvimento apaixonado na missão que o Pai lhe confiou tornou-O um Pregador, um Mestre e Redentor extremamente livre.

É interessante notar que podemos encontrar o mesmo espírito na Aparição de Nossa Senhora de La Salette. Na verdade, isso é sugerido, por exemplo, pelas roupas usadas pela Bela Senhora de La Salette quando apareceu aos dois pastorzinhos, Maximino e Melânia. As lembranças das duas crianças contam-nos que Maria, em La Salette, se vestia como as mulheres comuns da época na região da pequena aldeia de La Salette. O mesmo pode ser dito de quando Maria mudou do francês para o patoá, o dialeto falado pelas pessoas comuns daquela área geográfica na época.

Jesus de Nazaré, São Paulo e a Bela Senhora de La Salette: três exemplos estimulantes que nos convidam e inspiram a viver nos nossos ministérios, e para além das nossas preferências ou ideologias, a “catolicidade” da missão que a Mãe, através do Filho, confiou a cada um de nós.

A linguagem do amor

É por amor que Jesus tomou a nossa condição humana, se bem que este ato magnífico Lhe venha custar sofrimento extremo a ponto de vir a gritar “meu Deus, meu Deus porquê me abandonaste?”. 

Vou dizer-vos doutra maneira toca muito bem na evangelização como missão primordial da Igreja, pois é ela a continuadora da ação salvadora de Cristo. A mensagem cristã encaixou de que maneira na linguagem de todos os povos a ponto de suplantar até as culturas! O mesmo é dizer que todas as culturas se deixam iluminar pela autoridade de Cristo como denominador comum: “não há outro nome debaixo dos céus pelo qual possamos ser salvos” a não ser o nome de Jesus. 

O pontificado de João XXIII assume o ‘aggiornamento’ da Igreja dando continuidade ao movimento de renovação litúrgica, teológica, bíblica, pastoral e social, na busca de um novo posicionamento em sintonia com o grande desejo da Mãe de Deus de fazer com que a mensagem do seu Filho seja cada vez mais compreendida.

São João Paulo II, na sua encíclica, Redemptoris missio propôs, pela primeira vez, a expressão “nova evangelização”. Esta não nasce porque surgiu e foi instituído um novo Dicastério na Santa Sé, é sim uma provocação à Igreja a reconhecer a urgência e a necessidade da evangelização como missão própria da Igreja, que continua há dois mil anos, que deve encontrar, contudo, uma nova linguagem, ter novos estilos de vida, feitos também de profunda identidade, mas também de respeito. Portanto, o santo do nosso tempo pretendeu despertar-nos para uma nova linguagem no anúncio da fé de sempre, e é por nós consabido que Maria, não pretendendo mudar o rumo da Igreja de seu Filho, quer apenas recordar-nos o nosso dever de sempre que é, antes de mais, a nossa submissão a Deus. “Dizer doutra maneira”, não é mais senão explicitar a verdade permanente e eterna, isto é, o mistério de Jesus morto e ressuscitado, causa da nossa salvação. 

“Dizer doutra maneira” é, como diz o cardeal Tagle, aceitar o desafio atual de discernir como podemos apresentar o Evangelho, que é sempre o mesmo, num mundo em transformação. No anúncio da Boa Nova da salvação deve ser implícita a linguagem que não tem fronteiras, a linguagem do amor cuja herança Jesus nos deixou no momento derradeiro da sua vida neste mundo: “que vos ameis uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12). O anúncio evangélico nos dias que correm, a linguagem melhor compreendida pela humanidade hodierna é a do amor qual amor maternal de Maria em lágrimas ao pé da cruz e em La Salette, não é a das grandes explicações teológicas. 

É por amor que Jesus veio ao mundo; é por amor que Maria continua solícita para conosco e por amor que nós, missionários de La Salette, aceitamos o desafio da missão evangelizadora da Igreja.

La Salette - comunicação e sensibilidade que vai além da língua e da cultura

A história atribuiu à nossa Congregação o caráter missionário. Depois de 175 anos desde a aparição em La Salette, sabemos que nossa tarefa é evangelizar o mundo no espírito da Mensagem que nos foi entregue pela Bela Senhora. Isso implica a necessidade de nos abrirmos a outras línguas e culturas nas quais trabalhamos. Toda a Congregação é responsável por isso e não apenas as Províncias individuais, ancoradas em uma única cultura e língua.

Faz-nos refletir que Maria, falando com Melânia e Maximino, usa duas línguas. O francês é a língua oficial (França) que a tradição apelidou de Primeira Filha da Igreja. Nessa linguagem, Maria fez suas recomendações mais urgentes a respeito da Eucaristia e do respeito devido ao Seu Filho. Mas quando fala dos problemas ordinários da região de La Salette, passa a usar o dialeto que as crianças entendem. A perplexidade de Melânia obriga Maria a revisar o método de comunicação e torná-lo mais acessível. Desta forma, Maria conquista não só os mediadores da comunicação da Mensagem, mas também os ouvintes que à compreendem.

Devemos lembrar que muitas vezes, e não só hoje, em algumas situações é necessário “começar a falar de outra maneira”. Isso é reconciliação: a iniciativa está do lado de quem sabe que o outro tem algo contra ele. Sou eu que devo começar a falar de maneira diferente, mesmo que alguém me veja mal. Também Jesus fala da necessidade de uma mudança de atitude, e nas formas de comunicar: “Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta” (Mt 5,23-24). Se queremos nos reconciliar com nossos semelhantes, nada é mais útil do que mudar o tom, a modalidade de interação, mas antes de tudo mudar a narrativa, ou seja, de passar de uma narrativa acusatória e julgadora para outra que exprime o pedido de perdão e reconciliação. Esta é agora uma outra linguagem: a do amor e da misericórdia. E Deus fala essa mesma linguagem. Esta tarefa é difícil para nós, mas somos constantemente ajudados pelo amor e pela graça de Jesus, por isso é possível realizá-la.

Devemos assumir a atitude dos Apóstolos Paulo e Barnabé, dos quais os Atos dos Apóstolos dizem que em Listra, Icônio e Antioquia [hoje Turquia central] “Confirmavam as almas dos discípulos e exortavam-nos a perseverar na fé, dizendo que é necessário entrarmos no Reino de Deus por meio de muitas tribulações” (At 14,22). Uma curiosidade sobre aquela região: seus habitantes falavam seu próprio dialeto, o licaônico (cf. At 14,11).

E assim Maria, depois de ter comunicado aos pastorzinhos suas reflexões pessoais em dialeto, volta à língua francesa e diz: “transmiti isso a todo o meu povo”. Repete isso duas vezes, portanto nesta recomendação está contida também aquela frase a comunicar: “Não compreendeis, meus filhos? Vou dizê-lo de outro modo”. Devemos transmitir toda a Mensagem, com todos os elementos nela contidos. Aqui não se trata de uma simples alusão ou de um parêntese dado por Maria. Na verdade, a frase: “Vou dizê-lo de outro modo” é um exemplo do uso da linguagem que deriva não da experiência deste mundo, mas da experiência do Céu que é a nossa verdadeira pátria. La, só são válidas a intimidade do coração e a sensibilidade da mente no amor e na reconciliação, e as pessoas de todos os tempos e culturas esperam essa linguagem, porque sempre tiveram sede de amor e são tocadas por uma profunda crise de fé e de identidade.

Flavio Gillio MS

Eusébio Kangupe MS

Karol Porczak MS

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domingo, 11 julho 2021 13:01

Reflexão - Julho 2021

Vou dizê-lo de outro modo...

Julho 2021

Anunciar o Cristo com liberdade e em meio das diversidades

Se há um texto que expressa por excelência o espírito missionário do ponto de vista do Novo Testamento, este texto é a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 9, versículos 19-23, onde Paulo escreve: “Embora livre de sujeição de qualquer pessoa, eu me fiz servo de todos para ganhar o maior número possível. Para os judeus fiz-me judeu, a fim de ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da Lei, fiz-me como se eu estivesse debaixo da Lei, embora eu não esteja, a fim de ganhar aqueles que estão debaixo da Lei. Para os que não têm Lei, fiz-me como se eu não tivesse Lei, ainda que eu não esteja isento da Lei de Deus – porquanto estou sob a Lei de Cristo –, a fim de ganhar os que não têm Lei. Fiz-me fraco com os fracos, a fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, a fim de salvar a todos. E tudo isso faço por causa do Evangelho, para dele me fazer participante”.

Nesta passagem, Paulo dá à sua obra de evangelização um claro caráter católico (universal). Nesses versículos, Paulo também revela três elementos importantes que apoiam essa abordagem universalista de seu ministério. Em primeiro lugar: a obra de evangelização de Paulo é universal porque o evangelizador é livre, como afirma a primeira parte do versículo 19: “Embora livre de sujeição de qualquer pessoa, [...]”. Segundo: a obra de evangelização de Paulo não tem “fronteiras” porque o evangelizador encontra a sua motivação no Evangelho: “E tudo isso eu faço por causa do Evangelho [...]” (v. 23). Em terceiro lugar, a obra de evangelização de Paulo é universal porque o evangelizador tem um único propósito ou objetivo, isto é, “[...] a fim de salvar a todos” (v. 22). Estes três elementos explicam tanto o “porquê” como o “como” Paulo soube fazer-se “[...] todos por todos [...]”. É por isso que, por exemplo, durante a sua estada em Atenas, Paulo disputava na sinagoga “[...] com os judeus e prosélitos, e todos os dias, na praça, com os que ali se encontravam” (At 17,17) e também no Areópago (At 17,22). Essas poucas passagens são suficientes para mostrar a grande abordagem pastoral “católica” que inspirou e guiou o ministério e a obra de evangelização de Paulo. Parece que, para Paulo, não havia situações “adequadas” e “inadequadas”; ou pessoas “adequadas” e “inadequadas” para pregar a Boa-Nova. Cada situação e cada categoria de pessoas eram potencialmente a “situação certa” e as “pessoas certas” para anunciar o “[…] Evangelho de Jesus Cristo […]” (Mc 1,1).

Apesar do que possamos pensar, Paulo não foi o primeiro a encarnar e dar vida a essa forma de divulgar a Boa-Nova. Antes dele, Jesus de Nazaré fez o mesmo. Antes de Paulo, Aquele que era o “Apóstolo” do Pai, encarava a sua missão com a mesma atitude. Com efeito, durante o seu ministério público Jesus de Nazaré, movido por um “fogo ardente” tanto pelo Reino de Deus como pelas “coisas do Pai”, anunciou a Boa-Nova aos homens e às mulheres; tanto para os fariseus quanto para os saduceus; tanto para os ricos quanto para os pobres e marginalizados da época; tanto para os judeus piedosos quanto para os samaritanos e para os gentios. O ministério de Jesus não conheceu limites religiosos ou culturais, nem limites étnicos ou sociais. O seu envolvimento apaixonado na missão que o Pai lhe confiou tornou-O um Pregador, um Mestre e Redentor extremamente livre.

É interessante notar que podemos encontrar o mesmo espírito na Aparição de Nossa Senhora de La Salette. Na verdade, isso é sugerido, por exemplo, pelas roupas usadas pela Bela Senhora de La Salette quando apareceu aos dois pastorzinhos, Maximino e Melânia. As lembranças das duas crianças contam-nos que Maria, em La Salette, se vestia como as mulheres comuns da época na região da pequena aldeia de La Salette. O mesmo pode ser dito de quando Maria mudou do francês para o patoá, o dialeto falado pelas pessoas comuns daquela área geográfica na época.

Jesus de Nazaré, São Paulo e a Bela Senhora de La Salette: três exemplos estimulantes que nos convidam e inspiram a viver nos nossos ministérios, e para além das nossas preferências ou ideologias, a “catolicidade” da missão que a Mãe, através do Filho, confiou a cada um de nós.

A linguagem do amor

É por amor que Jesus tomou a nossa condição humana, se bem que este ato magnífico Lhe venha custar sofrimento extremo a ponto de vir a gritar “meu Deus, meu Deus porquê me abandonaste?”. 

Vou dizer-vos doutra maneira toca muito bem na evangelização como missão primordial da Igreja, pois é ela a continuadora da ação salvadora de Cristo. A mensagem cristã encaixou de que maneira na linguagem de todos os povos a ponto de suplantar até as culturas! O mesmo é dizer que todas as culturas se deixam iluminar pela autoridade de Cristo como denominador comum: “não há outro nome debaixo dos céus pelo qual possamos ser salvos” a não ser o nome de Jesus. 

O pontificado de João XXIII assume o ‘aggiornamento’ da Igreja dando continuidade ao movimento de renovação litúrgica, teológica, bíblica, pastoral e social, na busca de um novo posicionamento em sintonia com o grande desejo da Mãe de Deus de fazer com que a mensagem do seu Filho seja cada vez mais compreendida.

São João Paulo II, na sua encíclica, Redemptoris missio propôs, pela primeira vez, a expressão “nova evangelização”. Esta não nasce porque surgiu e foi instituído um novo Dicastério na Santa Sé, é sim uma provocação à Igreja a reconhecer a urgência e a necessidade da evangelização como missão própria da Igreja, que continua há dois mil anos, que deve encontrar, contudo, uma nova linguagem, ter novos estilos de vida, feitos também de profunda identidade, mas também de respeito. Portanto, o santo do nosso tempo pretendeu despertar-nos para uma nova linguagem no anúncio da fé de sempre, e é por nós consabido que Maria, não pretendendo mudar o rumo da Igreja de seu Filho, quer apenas recordar-nos o nosso dever de sempre que é, antes de mais, a nossa submissão a Deus. “Dizer doutra maneira”, não é mais senão explicitar a verdade permanente e eterna, isto é, o mistério de Jesus morto e ressuscitado, causa da nossa salvação. 

“Dizer doutra maneira” é, como diz o cardeal Tagle, aceitar o desafio atual de discernir como podemos apresentar o Evangelho, que é sempre o mesmo, num mundo em transformação. No anúncio da Boa Nova da salvação deve ser implícita a linguagem que não tem fronteiras, a linguagem do amor cuja herança Jesus nos deixou no momento derradeiro da sua vida neste mundo: “que vos ameis uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12). O anúncio evangélico nos dias que correm, a linguagem melhor compreendida pela humanidade hodierna é a do amor qual amor maternal de Maria em lágrimas ao pé da cruz e em La Salette, não é a das grandes explicações teológicas. 

É por amor que Jesus veio ao mundo; é por amor que Maria continua solícita para conosco e por amor que nós, missionários de La Salette, aceitamos o desafio da missão evangelizadora da Igreja.

La Salette - comunicação e sensibilidade que vai além da língua e da cultura

A história atribuiu à nossa Congregação o caráter missionário. Depois de 175 anos desde a aparição em La Salette, sabemos que nossa tarefa é evangelizar o mundo no espírito da Mensagem que nos foi entregue pela Bela Senhora. Isso implica a necessidade de nos abrirmos a outras línguas e culturas nas quais trabalhamos. Toda a Congregação é responsável por isso e não apenas as Províncias individuais, ancoradas em uma única cultura e língua.

Faz-nos refletir que Maria, falando com Melânia e Maximino, usa duas línguas. O francês é a língua oficial (França) que a tradição apelidou de Primeira Filha da Igreja. Nessa linguagem, Maria fez suas recomendações mais urgentes a respeito da Eucaristia e do respeito devido ao Seu Filho. Mas quando fala dos problemas ordinários da região de La Salette, passa a usar o dialeto que as crianças entendem. A perplexidade de Melânia obriga Maria a revisar o método de comunicação e torná-lo mais acessível. Desta forma, Maria conquista não só os mediadores da comunicação da Mensagem, mas também os ouvintes que à compreendem.

Devemos lembrar que muitas vezes, e não só hoje, em algumas situações é necessário “começar a falar de outra maneira”. Isso é reconciliação: a iniciativa está do lado de quem sabe que o outro tem algo contra ele. Sou eu que devo começar a falar de maneira diferente, mesmo que alguém me veja mal. Também Jesus fala da necessidade de uma mudança de atitude, e nas formas de comunicar: “Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta” (Mt 5,23-24). Se queremos nos reconciliar com nossos semelhantes, nada é mais útil do que mudar o tom, a modalidade de interação, mas antes de tudo mudar a narrativa, ou seja, de passar de uma narrativa acusatória e julgadora para outra que exprime o pedido de perdão e reconciliação. Esta é agora uma outra linguagem: a do amor e da misericórdia. E Deus fala essa mesma linguagem. Esta tarefa é difícil para nós, mas somos constantemente ajudados pelo amor e pela graça de Jesus, por isso é possível realizá-la.

Devemos assumir a atitude dos Apóstolos Paulo e Barnabé, dos quais os Atos dos Apóstolos dizem que em Listra, Icônio e Antioquia [hoje Turquia central] “Confirmavam as almas dos discípulos e exortavam-nos a perseverar na fé, dizendo que é necessário entrarmos no Reino de Deus por meio de muitas tribulações” (At 14,22). Uma curiosidade sobre aquela região: seus habitantes falavam seu próprio dialeto, o licaônico (cf. At 14,11).

E assim Maria, depois de ter comunicado aos pastorzinhos suas reflexões pessoais em dialeto, volta à língua francesa e diz: “transmiti isso a todo o meu povo”. Repete isso duas vezes, portanto nesta recomendação está contida também aquela frase a comunicar: “Não compreendeis, meus filhos? Vou dizê-lo de outro modo”. Devemos transmitir toda a Mensagem, com todos os elementos nela contidos. Aqui não se trata de uma simples alusão ou de um parêntese dado por Maria. Na verdade, a frase: “Vou dizê-lo de outro modo” é um exemplo do uso da linguagem que deriva não da experiência deste mundo, mas da experiência do Céu que é a nossa verdadeira pátria. La, só são válidas a intimidade do coração e a sensibilidade da mente no amor e na reconciliação, e as pessoas de todos os tempos e culturas esperam essa linguagem, porque sempre tiveram sede de amor e são tocadas por uma profunda crise de fé e de identidade.

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Signos, Señales y Portentos

(18vo Domingo Ordinario: Éxodo 16:2-15; Efesios 4:17-24; Juan 6:24-35)

En el ciclo trienal del Leccionario Dominical nos encontramos en el “año B”, en el que predomina el Evangelio de Marcos en los Domingos del Tiempo Ordinario. Pero siempre hay una pausa de cuatro semanas, durante las cuales la Iglesia presenta el “Discurso del Pan de Vida” del capítulo 6 del Evangelio de Juan.

Para hoy tenemos la introducción, un curioso intercambio entre Jesús y el pueblo que había sido alimentado con la multiplicación de los panes y peces. “Maestro, ¿cuándo llegaste?”—”Les aseguro que ustedes me buscan, no porque vieron signos, sino porque han comido pan hasta saciarse”.

Desde luego, ellos habían visto lo que él hizo, aun así, continuaron indagándole porque querían más – más de lo mismo. Pero ellos no habían visto la señal; habían pasado por alto el significado de aquel acontecimiento.

En la primera lectura, los israelitas en el desierto ansiaban las ollas de carne de Egipto, olvidando las señales y los portentos por los que habían sido rescatados de la esclavitud, y murmuraban, no tanto en contra de Moisés y de Aarón como en contra del Señor su Dios.

En La Salette, Nuestra Señora describe un comportamiento similar. Dos veces ella menciona al pueblo jurando y metiendo en medio el nombre de su Hijo.

Parece que persistía una nostalgia por el pasado entre los cristianos de Éfeso. San Pablo escribe, “es preciso renunciar a la vida que llevaban, despojándose del hombre viejo”. Al menos, ellos necesitaban aprender que una relación personal genuina con el Señor no era compatible con las costumbres de los gentiles, un mensaje que tiene resonancia en La Salette.

La Salette también tiene signos y portentos: La luz, las lágrimas, las rosas, las cadenas, y el crucifijo, el simple atuendo de campesina; y no nos olvidemos de la vertiente estacional que nunca ha cesado de fluir desde septiembre de 1846. También en su discurso, María hace una promesa maravillosa, bíblica en sus proporciones, de abundantes cosechas para aquellos que retornen a Dios.

¿Qué nos hace falta para tener una relación verdaderamente personal con el Señor, que no se base solamente en la obediencia o en nuestras necesidades? ¿Cómo podemos ser tabernáculos dignos de la gracia de Dios? Podemos comenzar viendo los signos de su presencia, y reconociendo las maravillas de su amor, como nos los da a conocer la Bella Señora.

Traducción: Hno. Moisés Rueda, M.S.

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Jesús y las Necesidades Humanas

(17mo Domingo Ordinario: Jeremías 23:1-6; Efesios 2:13-18; Marcos 6:30-34)

Entre las muchas formas de sufrimiento humanos está aquella que el Evangelio de hoy pone ante nosotros. La inseguridad alimentaria. En este caso la situación era de corta duración. Jesús respondió a una necesidad específica en medio de una situación determinada.

Pero, como Jesús, nosotros también podemos preguntarnos cómo sería posible dar respuesta a las necesidades de tantos. Algunos de nosotros, como Felipe y Andrés, responderíamos que no se puede. Pero el evangelista nos dice, “Jesús sabía bien lo que iba a hacer”.

Algunos de ustedes que están leyendo esto han experimentado inseguridad alimentaria, tal vez combinada con ansiedad por falta de un lugar donde alojarse, falta de trabajo, etc. Muchos no. ¿En cuáles circunstancias es más activa la gracia de Dios?

En La Salette, María notó que la gente trabajaba los domingos todo el verano. Pero, con las papas, el trigo, las uvas y hasta las nueces, que mostraban señales de plaga, los agricultores estaban desesperados tratando de salvar lo que pudieron. Es difícil estar abierto a las realidades espirituales cuando las necesidades materiales abarcan toda nuestra atención.

Por otro lado, si estamos tan absortos con lo que poseemos que somos incapaces de responder a las necesidades de los demás, nos será igualmente difícil vivir en el Espíritu, crecer y trabajar y aprender en comunidad. La compasión y la empatía son dones. ¿Los ansiamos?

Jesús dio de comer a la multitud hambrienta porque vio su necesidad, y la vio porque quiso verla. María era consciente de la inseguridad alimentaria de su pueblo, y les ofreció esperanza, “si se convierten”. También la conversión es un don. ¿La deseamos?

San Pablo escribe, “los exhorto a comportarse de una manera digna de la vocación que han recibido”. Él se enfoca especialmente en la unidad: “un solo Cuerpo y un solo Espíritu”. ¿Cómo será esto posible si algunos miembros están pasando necesidad y otros no los ayudan?

¿Seríamos capaces de atrevernos a rezar por los dones de la conversión y la compasión en nuestras vidas, pedirle al Señor que nos haga como él, deseosos de reconocer las necesidades que nos rodean?

Al inicio del Evangelio leemos que Jesús “vio que una gran multitud acudía a él”. Con poco cubrió las necesidades de muchos. Cuando los cristianos responden a las necesidades de los demás, la meta es ayudarlos a venir a Cristo. Ese era el propósito de María en La Salette.

Traducción: Hno. Moisés Rueda, M.S.

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